Tempo

Tempo cíclico e tempo linear

A crítica dos filósofos naturalistas e neopositivistas à noção de tempo cíclico de Platão é baseada num misto de ignorância e má-fé. A teoria do tempo cíclico de Platão baseia-se numa noção imanentista que pressupõe a metempsicose da alma, o que pressupõe o retorno da alma ao Espaço-tempo. Esta teoria é discutível, mas é tão boa como qualquer outra.

Por outro lado, a Física quântica já provou que a irreversibilidade do tempo, "correndo" num só sentido — do passado para o futuro — é uma visão errada da realidade. Com a Física quântica, todas as noções filosóficas que ainda estão em vigor acerca da irreversibilidade do tempo terão que ser revistas.


Tempo subjectivo e tempo objectivo


Os diferentes modos de temporalidade


O tempo segundo Santo Agostinho


O Tempo, o Movimento cósmico e a respectiva subsidariedade segundo os níveis de organização

Texto publicado no blogue Perspectivas

Naturalmente que o tempo está ligado ao movimento. É impossível mexermo-nos sem que influenciemos tudo no nosso universo; nem sequer podemos observar uma coisa sem mudar esse objecto e a nós próprios.

Quando Aristóteles diz que “o tempo é algo que pertence ao movimento mas não é o movimento”, quer dizer que o movimento não é só “tempo”, mas algo mais que o “tempo”, embora este esteja ligado ao movimento. O tempo acompanha o movimento e flui em duas direcções: do futuro para o passado, através dos buracos negros, e do passado para o futuro, através dos buracos brancos, embora normalmente nos pareça que ele (o tempo) flua numa só direcção, a do passado para o futuro.

Todas as coisas, em todos os “níveis de organização”, movem-se segundo uma sincrossimilaridade básica — uma espécie de princípio de subsidariedade cósmica no que respeita ao movimento, isto é, existe só um tipo de acção de movimento” adaptada às diferentes dimensões (tamanhos) onde ocorrem esses movimentos. O movimento de uma galáxia constitui uma “onda de movimento” diferente da “onda” de uma estrela que se move, e diferente de uma “onda de movimento” de uma pessoa movendo-se na Terra. “Ondas” de tamanho diferentes determinam níveis diferentes de organização. Mas não existindo nenhum tamanho absoluto no interior do Espaço-tempo, o tamanho da “onda” depende directamente do modo como ela é observada. Por isso, podemos dizer que apenas existem movimentos arquetípicos ― todas as escalas de organização operam em concorrência e movem-se de uma forma similar e síncrona (sincrossimilaridade).

E depois, temos a luz e a gravidade; esta última reorganiza a luz para interpenetrar os diversos universos. Aquilo que vemos não é o universo, mas é a “harmonia de fases” dos movimentos de um número indeterminado de universos. Uma “desarmonia de fases ” separa cada “camada” de cada um dos universos (imaginem um bolo com várias camadas de ingredientes diferentes), que interligados pelas ondas quânticas, produzem o menor múltiplo comum: a “harmonia de fases” que nós percebemos como sendo a “realidade” (ler DeWitt, e Graham).

Finalmente, temos o que está para “Além” do Espaço-tempo, aquilo que nenhum cientista quântico sabe O que é mas sabe que Existe, e que as religiões superiores chamam de “Reino de Deus”.

Na “singularidade” da Física quântica, todas as leis da Física entram colapso. O que está para “Além” do Espaço-tempo não é físico, é incomensurável, e só é possível uma ligação entre o “Aquém Espaço-tempo” e o “Além Espaço-tempo”, através da “consciência” a que os físicos chamam genericamente de “ondas quânticas”. E quando as religiões dizem que <i>“Deus está em toda a parte”</i>, têm toda a Razão do mundo, até porque a ciência quântica corrobora a sua tese: «aquilo que se encontra “Além Espaço-tempo”», segundo a Física, «encontra-se dentro de tudo o que existe no nosso universo, mas não faz parte do “Aquém Espaço-tempo” ».

Paradoxalmente, o que a ciência vem provando é que tanto o naturalismo ateísta característico do cientificismo contemporâneo, como o panteísmo imanentista de Espinosa e outros, estão provavelmente desfocados da realidade (vêem só uma parte da realidade), na medida em que existe uma separação real entre o físico e o não-físico ― não se faz referência aqui à “anti-matéria”, que é um conceito diferente ―, entre o “Aquém” e o “Além”, e é essa separação física que determina o teísmo.

Em edição por (OBraga)

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