Sofista

A palavra sofista (do grego sophistes) deriva de sophia «sabedoria», e designa sábio.

Os sofistas eram homens que se apresentavam dotados de saber, vangloriavam-se de ser capazes de transmitir o seu saber aos outros, de ser capazes de ensinar a todo aquele que com eles quisesse aprender. Foram os primeiros a reivindicar o título de professores de Retórica, propondo-se preparar as elites para o exercício do poder político.

Protágoras de Abdera, Górgias de Leontini foram sofistas famosos que deram o título a célebres diálogos de Platão. De Protágoras de Abdera, conhecido por defender teses relativistas acerca do conhecimento, ficou célebre um fragmento que diz: "O homem é a medida de todas as coisas, das que são, enquanto são, das que não são, enquanto não são."

Um dos motivos da hostilidade de Platão contra os sofistas era o facto de os sofistas se fazerem pagar pelos ensinamentos que ministravam. Considerava também que a Retórica tinha um efeito nocivo devido ao desprezo dos sofistas pela verdade, pelo que deveria ser combatida.

"Para Platão, a retórica é apenas sofística. O sofista era uma espécie de advogado que podia fazer trocadilhos sobre os diversos sentidos das palavras e dos conceitos, se isso servisse a sua tese, quer fosse justa ou não. Longe de assentar no carácter moral do orador, a sofística podia vender-se a todas as causas. (…) A isto opunha Platão o discurso da Filosofia, que dizia ser um discurso apodíctico (verdadeiro e irrefutável).»

in MEYER, Michel, Questões de retórica, linguagem, razão e sedução, Lisboa, Edições 70, 1998

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O Homem Empírico

« O homem é a medida (metrón) de todas as coisas que usa (khremata) » — Protágoras (“Teeteto”, Platão)

O homem não é, antes de mais, aqui entendido como Homem (humanidade), mas como indivíduo. Poderíamos dizer: “O indivíduo é a medida de todas as coisas que ele usa”. O metrón (medida) não é um critério de conhecimento nem uma espécie de justa-medida divina ou cósmica: em vez disso, é uma espécie de “estimativa humana” subjectiva. É o homem (indivíduo) que define exclusivamente o valor das coisas que ele próprio utiliza, e de igual modo nos negócios como no uso da linguagem. É um homem desprovido de natureza ou de essência; e a partir deste tipo de indivíduo, o sofista Protágoras extrapola e estabelece o colectivo do Homem Empírico.

O homem empírico recusa a ontologia: encontra-se ligado apenas a si próprio, sem possibilidade de se definir nem em relação a uma Ordem do Mundo, nem a um princípio transcendente e/ou divino. Para o homem empírico, a linguagem não tem a função de descobrir o mundo e revelar o Real, mas é apenas um meio político de acção sobre os outros para se atingir determinados objectivos que se submetem ao seu metrón subjectivo.

Para o homem empírico, os pensamentos não são conhecimentos, mas “fantasias incomunicáveis” (Górgias) e, por isso, a linguagem não exprime nem o pensamento, nem o Ser do Homem, mas é apenas e só um meio de auto-referência.

Para o Homem Empírico, a Realidade é um devir absurdo, contraditório, sem sentido. Não existe tal coisa como “seres idênticos a si mesmos” e providos de substância, mas apenas arranjos humanos provisórios e efémeros. O Homem Empírico vive num mundo onde os objectos lhe são apresentados de acordo exclusivo com a sua subjectividade, sem necessidade de um qualquer critério objectivo ou intersubjectivo que permita diferenciar as proposições e representações falsas e/ou verdadeiras.

Editado por (OBraga)

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