Prova
Nas ciências positivistas, uma prova pode ser feita tanto por uma demonstração e verificação material (por exemplo, ciências físico-químicas) como pela descrição de um feixe de convergências (teoria) consideradas suficientes para levar a uma adesão considerada razoável (por exemplo, o darwinismo ou o neodarwinismo).
Mas, por um lado, nunca podemos justificar as teorias científicas, porque nunca poderemos saber se se revelarão falsas, embora possamos criticá-las racionalmente fazendo a distinção entre as melhores e as piores1 ; e, por outro lado, se dissermos que “o método científico se prova a si mesmo”, esta proposição é tautológica e, por isso, destituída de lógica. Conclui-se, portanto, que a origem ou causa axiomática do próprio método científico escora-se na metafísica.
Segundo Karl Popper, não é possível compreender totalmente uma teoria formulada, porque é impossível conhecer todas as suas conclusões lógicas — ou seja, é impossível excluir o surgimento de contradições internas dentro de uma teoria. A verdade científica não pode ser provada com certeza nem através da experiência e nem através da intuição intelectual, porque na ciência não existe nenhum indicador infalível para a verdade. O teórico das ciências alemão, Wolfgang Stegmüller, defende até que a noção de verdade não pertence à ciência, mas apenas pertence à teologia.
Em rigor, não pode ser encontrado uma prova concludente para uma evidência tão simples como a existência de um mundo exterior a nós próprios. Kant chamou a isto o “escândalo da razão”. A moderna teoria da ciência formula, com Karl Popper, uma versão mais moderada do “escândalo da razão” de Kant: segundo Karl Popper, “o mundo exterior [a nós próprios] é uma hipótese de trabalho para a ciência da natureza”.
- Em matemática, a prova é reduzida à sua expressão mais simples já que consiste em deduzir um resultado a partir de regras propostas e explicitadas (por exemplo, a “prova dos nove”).
- Em filosofia, e na medida em que o discurso filosófico está assente no princípio da não-contradição, a “prova por redução ao absurdo” – que consiste em demonstrar que nos contradizemos – conserva alguma eficácia. De facto, não há prova em filosofia se nos recusarmos a ser convencidos: só há demonstrações sob a forma de discursos parciais cuja coerência nos pode remeter, segundo os casos: 1/ para uma autoridade exterior; 2/ para um sistema de referência crítica que reduz a filosofia à sua própria epistemologia; 3/ para a ambição “admissível” ou “inadmissível” de um discurso uno e total.
- Ver : Deus, inferência, verificação, demonstração, certeza, verdade.
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