Pragmatismo

Pragmatismo

Doutrina desenvolvida nos Estados Unidos no fim do século XIX por Charles Sanders Pierce e por William James. A palavra Pragmatismo foi usada pela primeira vez (no sentido de classificar essa doutrina) pelo americano Peirce, para o qual a “validade” dos nossos juízos é o resultado da diferença prática que se verifica entre a sua afirmação ou a sua negação. Por outras palavras: para o Pragmatismo, o critério da verdade de uma ideia é o êxito da acção, e “o verdadeiro é aquilo que é vantajoso para o nosso pensamento”1.

O Pragmatismo é uma forma de utilitarismo que não tem em conta, de uma forma exacta, o princípio da “maior felicidade para o maior número de pessoas”: para o Pragmatismo, o “maior número” não entra na sua equação. Esta doutrina é produto da afirmação do darwinismo na cultura intelectual e antropológica do fim do século XIX; e, por outro lado, ela é também fruto das teorias físicas do mesmo século, onde as hipóteses científicas eram apreciadas e valorizadas em função da sua comodidade.

Segundo William James – e contra aqueles a quem ele chamou de “intelectualistas” –, uma ideia verdadeira não é uma simples cópia da realidade: é quando uma ideia é um guia útil para a acção, e está de acordo com a realidade, que essa ideia é verdadeira; a verdade deve ser encarada ou concebida em função do nosso desejo de acção, e não em função da reprodução do “real” exterior relativamente ao homem. Isto significa que, segundo o Pragmatismo, se o nosso desejo de acção for em um determinado sentido, todas as ideias que fundamentem esse nosso desejo de acção estão automaticamente justificadas e podem ser consideradas verdadeiras.

O conhecimento, segundo o Pragmatismo, deve ser uma “prospectiva” voltada para o futuro, ou seja, é uma doutrina programática na forma, o que resulta da da concepção que o Pragmatismo tem da verdade como um programa: a verdade é um programa de acção que resulta do nosso desejo. A criação de uma verdade pelo homem a partir de uma razão que “cola” à experiência tem como critério a único a sua eficácia na acção. “Deus” – dizia o pragmatista Leuba – “não é acreditado, mas utilizado”. William James chega a falar no valor monetário das nossas ideias enquanto tais.

A contradição do Pragmatismo está no seguinte: se fosse tomado à letra, o Pragmatismo levar-nos-ia à apraxia: para julgar as consequências ou a eficácia de um acto, é necessário conhecer essas consequências e essa eficácia. Se nos cingirmos às possibilidades— ou às consequências da acção —, não nos é possível atacar (como os pragmatistas fazem) a teoria clássica da verdade; e o que não faltam são verdades inúteis no sentido da eficácia da acção.

Editado por (OBraga)

Unless otherwise stated, the content of this page is licensed under Creative Commons Attribution-ShareAlike 3.0 License