Panteísmo
Nome criado no século XVIII, do grego pan (tudo) e theos (Deus).
1/ em sentido próprio, significa as diversas doutrinas que identificam Deus com o Mundo. Esta identificação pode realizar-se em dois aspectos:
a) ou não há outro ser, em sentido absoluto, além de Deus, e o universo seria o conjunto das suas emanações (panteísmo de alguns neoplatónicos) ou ainda uma espécie de reflexo ou de fantasma de Deus, na sua forma mais radical.
Este panteísmo é o de Espinoza (ainda que use, por vezes, a fórmula Deus sive natura, “Deus ou a Natureza”, tomando assim a Natureza como um equivalente de Deus).
Uma doutrina análoga aparece em filigrana no pensamento de Hegel, ainda que pudesse dizer-se que, para ele, “Deus não é: faz-se” – o real (o universo) é idêntico ao espírito (Deus), que toma consciência de si mesmo nos espíritos particulares para os quais é imanente. É um panteísmo descrito em termos de lógica.
b) ou não há outro ser além do universo concebido como uma totalidade onde Deus se dissolve: é o panteísmo defendido por Diderot e outros materialistas franceses do século XVIII, que se encontra nos pensadores românticos ingleses e em Feuerbach. Podemos falar aqui de um panteísmo “racionalista”, ou de um panteísmo “deísta” para designar as doutrinas menos filosóficas do que morais de certos protestantes anglo-saxónicos dos séculos XVIII e XIX, preocupados em não atacar frontalmente as autoridades eclesiásticas e políticas.
2/ em sentido amplo, o panteísmo é a atitude de espírito, muito espalhado na Antiguidade Tardia – desde os estóicos – e entre os românticos alemães, que consiste em representar a Natureza como um ser vivo dotado de um poder quase sobrenatural.
Esta atitude (de origem aparentemente “arcaica”1, o politeísmo grego é, sob muitos aspectos, um panteísmo dividido e disperso) aproxima-se noutros autores (por exemplo, em Goethe) do panteísmo em sentido filosófico.
A imprudência com que alguns heréticos, desde a Idade Média, professaram uma espécie de panteísmo2, fez com que o panteísmo chegue sempre à negação de Deus como Ser distinto da humanidade.
- Ver panenteísmo.
Editado por (OBraga)