Mudança
- Há que distinguir a mudança enquanto modificação do sujeito, total ou parcial, por um lado,
- e por outro lado a mudança enquanto transformação de uma coisa em outra coisa [Kant].
Na modificação do sujeito, a essência do sujeito não se altera; ao passo que na mudança enquanto transformação, o objecto deixa de ser uma coisa para ser outra coisa totalmente diferente na sua essência.
Por exemplo, uma metanóia religiosa pode mudar um indivíduo na sua mundividência e/ou no seu comportamento, mas não o muda na sua essência enquanto indivíduo — ou seja, não muda o fundamento da natureza humana.
Em contraponto, uma mudança em um modelo de automóvel pode mudar a própria essência e conceito de automóvel — por exemplo, a diferença essencial que existe entre um automóvel eléctrico e um automóvel a gasolina.
No caso do ser humano, essa mudança não elimina dele os estádios culturais anteriores em que se manifestou, ao longo do tempo, a sua essência e a sua natureza enquanto ser humano: os valores pretéritos da cultura permanecem no ser humano em função da própria natureza humana, e podem reaparecer no futuro, embora reinventadas e renovadas na sua expressão cultural, mas mantendo um idêntico fundamento que se escora na própria natureza do ser humano.
É impossível alterar a natureza humana senão através da alienação do conceito de ser humano.
Editado por (OBraga)