livre arbítrio vs determinismo

É o Homem efectivamente livre no seu querer agir?

A resposta tem sido palco de acesas polémicas, não só entre filósofos, mas entre a ciência e a filosofia.

O Livre-arbítrio é a doutrina que afirma que o Homem é autónomo e responsável pelas suas acções.
Santo Agostinho de Hipona na sua obra De Libero Arbítreo (sobre o livre-arbítrio) defende o livre-arbítrio dizendo que o mal era fruto da liberdade humana mal utilizada. Deus dotou o Homem de livre-arbítrio com a intenção de que este viva plenamente o Bem. Cabe ao Homem agir de forma consciente e escolher entre o bem bem e o mal. O livre arbítrio possibilita o Homem ser um sujeito moral.

O Determinismo radical afirma que o livre-arbítrio é incompatível com a concepção de um mundo regido por leis causais. Todos os fenómenos do Universo podem ser explicados em função das causas. Nas mesmas circunstâncias, as mesmas causas produzem os mesmos efeitos. Daí que, todos os seres constituídos por matéria, incluindo o ser humano e tudo o que lhe diz respeito, estão sujeitos a este princípio de causalidade, ou seja, todo o nosso comportamento é constrangido e predizível.
Embora os cientistas não demonstrem que todos os acontecimentos, sem excepção, obedecem a regularidades causais, este facto não elimina a probabilidade, do Universo físico ser como nos propõem os deterministas.
O determinismo é, ao mesmo tempo, postulado científico e doutrina filosófica. Como postulado científico, serve de fundamento à universalidade das leis. Como doutrina filosófica, é a negação do livre-arbítrio.

O Indeterminismo afirma que alguns acontecimentos, como é o caso dos estados mentais, não têm causa,ou seja, ocorrem aleatoriamente, isto é, as nossas acções não são determinadas.
Werner Heisenberg, um dos fundadores da mecânica quântica disse que é impossível prever o comportamento de um dado sistema de partículas, pois elas comportam-se de uma maneira num momento e de outra maneira no momento seguinte, sem que se possa encontrar a causa dessa mudança. Assim, podemos admitir que o indeterminismo que rege o mundo das microparticulas também se aplica à vontade humana.
Contudo, o princípio do indeterminismo não conseguiu abalar significativamente o determinismo, uma vez que continuou e continua a ser a teoria aceite pela comunidade científica.

O Compatibilismo é a doutrina que concilia o determinismo e livre-arbítrio.
Os defensores do compatibilismo defendem que, embora os nossos comportamentos sejam causados por forças físicas, químicas, biológicas e psicológicas, é considerado acção livre tudo aquilo «que não teria acontecido se eu não tivesse querido que acontecesse». A liberdade não supõe um acto sem causa mas apenas que temos controlo sobre alguns dos nossos comportamentos.
Para os deterministas as causas constrangem o comportamento, remetendo-os para um único futuro possível. Para os compatibilistas algumas das nossas acções são livres. São determinadas (influenciadas por causas) mas não são constrangidas. Podemos fazer sempre escolhas condicionadas.

(ver condicionantes da acção humana)

editado por Alda Martins —- para desambiguação clique em debater no menu em rodapé


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