liberalismo de direita
  • O liberalismo de direita (right-liberalism) consiste na crença numa só verdade universal segundo a qual todas as pessoas têm direitos iguais. E embora existam culturas diferentes, segundo o liberalismo de direita, todas elas estão em conformidade com essa verdade universal única — incluindo o Islão. Para as pessoas da direita-liberal, o "pecado" maior é a negação esta verdade universal única, e o seu corolário é o de que todas as pessoas são capazes de seguir essa verdade.
  • O liberalismo de esquerda (left-liberalism) consiste na crença numa igualdade substantiva e moral da humanidade. O liberalismo de esquerda rejeita a noção de verdade universal única dos liberais de direita, porque essa verdade seria superior às outras verdades, e porque as pessoas que acreditem nessa verdade se sentiriam superiores e tentariam dominar as outras (marxismo cultural e a noção de domínio). Todas as verdades, todas as pessoas, todas as culturas, têm que ser tratadas de forma igual. Para a esquerda liberal, o "pecado" mais grave é imaginar que alguém possa estar na posse da verdade e que possa esperar que outras pessoas dêem a anuência a essa verdade.

Corolário: a direita liberal pensa que a esquerda liberal comete o maior "pecado", e vice-versa. E é o princípio da igualdade que lhes é comum.

Tradução livre daqui.


O liberal de direita não é um conservador, embora possa não ser libertário. Fernando Pessoa (Obras em Prosa) definiu assim os conservadores e os liberais de direita:

“Os conservadores são aqueles desejam e pretendem que o progresso político ou financeiro da nação se faça por alteração social produzida dentro de moldes políticos e sociais dessa nação”. (…) “Para o conservador, os moldes ficam em forma e em tamanho. Apenas muda o conteúdo.”

“Os liberais (de direita) são aqueles que cuja teoria do progresso inculca a ideia de que ele se faz por uma lenta alteração da sociedade, não tanto nem somente dentro de moldes em que essa vida social se encontra vasada”. (…) “Para o liberal, os moldes alargam-se mas a sua forma fica.”


« Há muitos motivos para você ser contra o socialismo, mas entre eles há dois que são conflitantes entre si: você tem de escolher. Ou você gosta da liberdade de mercado porque ela promove o Estado de direito, ou gosta do Estado de direito porque ele promove a liberdade de mercado. No primeiro caso, você é um “conservador”; no segundo, é um “liberal”.
(…)

Ou você fundamenta o Estado de direito numa concepção tradicional da dignidade humana, ou você o reinventa segundo o modelo do mercado, onde o direito às preferências arbitrárias só é limitado por um contrato de compra e venda livremente negociado entre as partes.

(…)

O conservadorismo é a arte de expandir e fortalecer a aplicação dos princípios morais e humanitários tradicionais por meio dos recursos formidáveis criados pela economia de mercado. O liberalismo é a firme decisão de submeter tudo aos critérios do mercado, inclusive os valores morais e humanitários.

O conservadorismo é a civilização judaico-cristã elevada à potência da grande economia capitalista consolidada em Estado de direito. O liberalismo é um momento do processo revolucionário que, por meio do capitalismo, acaba dissolvendo no mercado a herança da civilização judaico-cristã e o Estado de direito. »

Olavo de Carvalho, “Por que não sou liberal”


Editado por (OBraga)

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