Quando, numa discussão escrita, partimos de pressupostos que não são declarados expressamente (à partida) porque queremos esconder alguma coisa, podemos incorrer na falácia Audiatur et altera pars — quando usamos um discurso argumentativo implícito, e por isso não explícito.
Por exemplo:
"Pacheco não era exactamente um estranho da política. Vinha de uma militância de extrema-esquerda muito vincada, com direito a clandestinidade pré-Abril, mas, ao contrário dos seus antigos compagnons de route, dispunha de uma sólida bagagem cultural e distinguia-se por ter uma inteligência viva e bom raciocínio. Na sua nova casa, era ouvido a dizer coisas sensatas e «inteligentes», o que nem sempre era comum, e que tinham a virtude acrescida de serem perceptíveis na televisão e na rádio, meios para onde logo estrategicamente se alçou. Escrevia bem e sabia pensar muito para além de um simples apparatchik partidário." — (fonte)
O pressuposto do texto, que está implícito mas não explícito, é o ataque pessoal (ad Hominem) embora disfarçado em uma análise crítica ideológica.
- Ver: falácias lógicas
Editado por (OBraga)